Na nossa cultura, a vulnerabilidade é, muitas vezes, confundida com fraqueza. Como país, especialmente, sentimos uma pressão imensa para sermos o pilar de força, para termos todas as respostas, para sermos infalíveis. Escondemos as nossas dúvidas, as nossas tristezas e os nossos medos atrás de uma máscara de competência, acreditando que estamos a proteger os nossos filhos.
Mas a investigadora Brené Brown, com a sua pesquisa revolucionária, mostrou-nos que estamos redondamente enganados. A vulnerabilidade não é fraqueza; é, na verdade, a medida mais precisa da nossa coragem. E é o berço de todas as emoções que mais desejamos na nossa vida familiar: a confiança, a conexão e a intimidade.
Neste artigo, vamos explorar como a coragem de sermos pais imperfeitos e vulneráveis pode ser o maior presente que damos aos nossos filhos.
O que acontece quando evitamos a Vulnerabilidade?
Quando criamos um ambiente familiar onde o erro não é permitido e as emoções “negativas” são suprimidas, estamos, sem querer, a ensinar lições tóxicas:
- “O amor é condicional”: A criança aprende que só será amada e aceita se for perfeita, se tirar boas notas, se for bem-sucedida.
- “As emoções são perigosas”: Ao nunca ver os pais a expressarem tristeza ou medo de forma saudável, a criança aprende a reprimir os seus próprios sentimentos, o que é um caminho direto para a ansiedade e a depressão na vida adulta.
- “Você está sozinho”: Ao não partilharmos as nossas próprias lutas, criamos uma distância que impede a verdadeira conexão.
Como Praticar a Vulnerabilidade em Família?
- Peça Desculpa (de Verdade): Quando errar com o seu filho – quando perder a paciência e gritar, por exemplo – não finja que nada aconteceu. Volte atrás e peça desculpa. “Filho, eu estava muito estressado e perdi a calma. A culpa não foi tua. Peço desculpa por ter gritado.” Isto ensina-lhes que todos erram e que assumir a responsabilidade é um ato de força.
- Partilhe as Suas Lutas (de Forma Adequada à Idade): Você não precisa sobrecarregar o seu filho com os seus problemas de adulto. Mas pode partilhar a emoção. “Hoje tive um dia difícil no trabalho e estou a sentir-me um pouco triste.” Isto dá-lhes permissão para sentirem e partilharem as suas próprias emoções.
- Celebre a Imperfeição: Quando o seu filho tentar algo novo e falhar, a sua reação é crucial. Em vez de focar no resultado, celebre a coragem de ter tentado. “Uau, eu vi o quão corajoso foi ao tentar subir naquela árvore! Não faz mal que não tenhas conseguido chegar ao topo. Estou orgulhoso de você por ter tentado.”
Criar um lar onde a vulnerabilidade é bem-vinda é criar um porto seguro. É dizer aos seus filhos, todos os dias, através dos seus atos: “Eu amo-te não apesar das tuas imperfeições, mas por causa de quem tu és, com todas as tuas falhas e toda a tua coragem”. E essa é a base para uma autoestima inabalável.
Escrito por Gustavo Figueiredo
Fundador do Conexão Essencial
Apaixonado por leitura, música e pelo equilíbrio entre corpo e mente. Compartilho aqui conhecimentos pragmáticos e confiáveis para fortalecer as conexões essenciais da sua vida.
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